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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Biblioteca gera dignidade

Biblioteca gera dignidade

Natália Moraes
Foto: Rodrigo Silveira

Sol, céu azul e um barquinho no azul do mar. Ou se preferir, palmeiras imperiais que compõem a paisagem de um belo romance. Lugares não faltam para compor o cenário de uma boa história. Essas mesmas histórias, muitas vezes, estão escondidas em páginas de livros antigos à espera de um passageiro para embarcar em mais uma viagem. “Ler, é o melhor remédio”, já dizia o escritor Luís Fernando Veríssimo. E é, através da leitura, que cerca de 50 pessoas que vivem na rua embarcam em uma nova viagem, todas às vezes que lêem um livro no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (CentroPop), que fica na Rua Formosa, nas proximidades do Mercado Municipal. Uma biblioteca foi montada há três meses no local e, agora, os moradores têm a oportunidade de conhecer um mundo novo. O CentroPop vem desenvolvendo projetos para promover a socialização de pessoas que, por estarem rompidas com as famílias e não terem residência e trabalho fixos, acabam transformando em moradia os lugares públicos da cidade. Na sede do ControPop, os assistidos têm espaço para descanso, higiene, alimentação, atendimento social e psicológico. E agora, também, têm um lugar reservado para leitura. Também são oferecidas diversas oficinas, que, de certa forma, contribuem para melhorar a vida dos moradores de rua.
A coordenadora do CentroPop, Márcia Helena Pereira, destaca que a ideia de montar a biblioteca no local veio pelo próprio interesse que os moradores de rua demonstravam. — Atualmente atendemos cerca de 50 pessoas que vivem em situação de rua e muitas dessas pessoas têm algum tipo de conhecimento e querem aprender mais. Todas as vezes que encontravam um jornal ou uma revista no CentroPop ficavam lendo. Foi aí que surgiu a ideia de montar uma biblioteca para os nossos assistidos. Fizemos uma campanha para a doação de livros usados e muitas pessoas estão doando. Quem quiser fazer doação, é só se encaminhar ao Centro, que fica na rua Tenente Coronel Cardoso, 565, durante o nosso horário de atendimento, de 8h às 15h. Está sendo montado, neste momento, um plano para funcionar até as 20h. Ou então ligar para o telefone 2726-4041, que um carro irá buscar os livros na casa das pessoas que desejam doar — destaca Márcia Helena, que enfatiza, ainda, que o principal objetivo do CentroPop é resgatar a dignidade das pessoas que estão em situação de rua.
José Francisco de Souza, que é um dos freqüentadores da biblioteca, destaca que o CentroPop o ajudou a sair das ruas. E observa que, com a biblioteca, os moradores deixam de perambular pela cidade e ficam no Centro de Referência.
— Vim para Campos à procura de emprego. Morava no Espírito Santo e lá estava muito difícil arrumar um emprego. Cheguei a Campos tem 20 dias e passei alguns dias morando nas ruas. Agora, tenho um lugar para dormir e me alimentar e, com a ajuda do Centropop, arrumei um emprego. Essa ideia de montar a biblioteca é muito boa, pois em vez de estarmos nas ruas estamos aqui buscando novos conhecimentos — destacou.
Moradores de rua têm refeições e atividades
No Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centropop), os usuários podem passar o dia, tendo quatro refeições diárias e sendo encaminhadas pela rede socioassistencial para o atendimento de que precisam, como retirada de documentos, atendimento médico, inserção no mercado de trabalho ou mesmo para um acolhimento, como a Casa de Passagem, até que consigam resgatar os vínculos familiares e sociais.
Segundo a coordenadora do CentroPop, Márcia Helena Pereira, a maior parte das pessoas que moram nas ruas atualmente tem algum tipo de dependência química, principalmente do álcool. E como acabam se desentendendo com seus familiares acabam ficando pelas ruas, pois na rua podem fazer o que quiserem.
— Muitas pessoas que são assistidas não querem voltar para casa e preferem ficar nas ruas. Na rua não tem regras e eles podem fazer o que bem entendem. No Centropop, tentamos colocar essas pessoas novamente no mercado de trabalho e na sociedade — diz Márcia Helena, que finaliza dizendo que no local outras atividades não feitas, dentre elas oficinas de artesanato e desenho.
01/09/2014 11:00

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