Servidores aderem à “Lei do Silêncio”

Matéria publicada no Jornal Folha da Manhã no dia 1º de setembro/2014

Alexandre Bastos

Foto: Héllen Souza

Com o deputado federal Anthony Garotinho (PR) na disputa pelo governo do estado, veículos de imprensa do Rio circulam por Campos em busca de informações sobre o estilo de administração do grupo político liderado pelo parlamentar. Porém, o que encontraram foram as escolas blindadas e funcionários em silêncio. Na visão do vereador Rafael Diniz a atitude demonstra que “falta transparência e coragem para mostrar a realidade”. “No debate o candidato do grupo diz que a Educação de Campos melhorou muito nos últimos anos. Se vai muito bem, por que tentam esconder a realidade? Por que não abrir e mostrar para todo o estado do Rio? Em sua propaganda, o candidato do PR mostra filmagens das escolas e hospitais do estado e aponta problemas. Mas aqui ninguém pode filmar nada, nem ouvir ninguém. Será que só podemos ver o interior das escolas nas propagandas oficiais, com maquiagem e ensaios?”, indagou Rafael, que tem visitado escolas e creches. “O que eu vejo é algo bem diferente da propaganda. Recentemente estive em uma creche e vi paredes com infiltrações, berços improvisados e refeitório funcionando na garagem. Puro improviso”, relatou.

Se os funcionários que possuem cargos de confiança não podem falar, os professores concursados, que não seguem as ordens da cartilha rosácea, acabam revelando os bastidores. Em carta aberta à prefeita Rosinha Garotinho (PR), a professora Luciana Soares Marques fez um desabafo. “O que me deixa mais triste é saber que o professor que é comprometido sofre perseguição. É uma pena que eu esteja sendo ‘forçada’ a tirar minha licença prêmio, devido a falta de gestão coerente. Com isso quem sai perdendo são os meu queridos alunos”, disse a professora, que aguarda desde 2012 melhorias prometidas par a Escola Municipal Jacques Richer. Outra professora que desabafou em uma carta aberta foi Cláudia Moura Gouvêa. Em seu relato ela diz: “Estive olhando agora o contracheque, são apenas dois salários mínimos. 11 anos de carreira, turmas lotadas, nenhum aparato. Sabe, prefeita, uso boa parte do meu salário na compra de remédios controlados que a senhora não fornece em seus postinhos… ganhei uma depressão e uma síndrome do pânico, sem contar com a bursite por esforço repetitivo, que adquiri com os quadros feitos pra gigantes… consegui também, prefeita, um hipotireoidismo e uma fibromialgia”, protestou a professora.

Prefeitura garante que vem investindo

No site oficial da Prefeitura de Campos, a prefeita Rosinha garante que vem investindo na recuperação e construção de novas unidades escolares e oferecendo aos alunos da rede municipal melhores condições para garantir um aprendizado de qualidade. “Material didático, uniforme, merenda de qualidade e, ainda, valorização dos profissionais, com a implantação do Plano de Cargos e Salários, estão entre os investimentos”, diz a matéria publicada no site. Sobre as novas unidades, já foram construídas 19, sendo 14 creches e cinco escolas modelo. Outra novidade da Educação, este ano, é a instalação de lousas interativas nas unidades de ensino, o que já começou nas escolas da rede.

Já foram licitadas para construção as escolas modelo do Parque Saraiva e Eldorado. Em processo de licitação, estão as escolas Albertina Venâncio, Travessão; Cemstiac, Centro; Escola Municipal Alcebíades Schwarts, Conselheiro Josino, e a Escola Senador José Carlos Pereira Pinto, Nova Brasília, além do Ciep Francisco Portela, Tócos; Marechal Arthur da Costa e Silva, Avenida Zuza Motta, Parque Alvorada. Algumas escolas também estão ganhando quadras cobertas, através de parceria com o governo federal.