O manifesto dos “Cabruncos Livres” colocou mais de quatro mil pessoas nas ruas de Campos, segundo a Polícia Militar, e apesar de um pequeno incidente, o protesto se manteve dentro da civilidade em sua maioria. Os cartazes, cantos e gritos, assim como a quantidade de manifestantes, se multiplicaram em criatividade e ousadia desde primeiro movimento. A caminhada teve início na Praça São Salvador, passou pela Câmara e terminou em frente à Prefeitura. Os jovens deixaram claro que a onda vai crescer ainda mais. “Não vamos parar por aqui. Já dobramos o número de pessoas e essa onda vai crescer cada vez mais”, disse uma das manifestantes em um pequeno trio elétrico.
Assim como ocorreu na primeira manifestação, os jovens eram maioria. Porém, no ato de hoje, pessoas de todas as idades aderiram ao movimento.
O único incidente ocorreu no trio elétrico, diante da Câmara de Campos, após o advogado Maurício Costa, ligado ao grupo de grupo do deputado federal Anthony Matheus (PR), tentar se pronunciar. Aos gritos de “Ih fora” e “Desce desce...”, ele desceu do trio e teria sido agredido por manifestantes que gritavam “é o advogado de Garotinho”.
Quando os manifestantes começaram a chegar à sede da Prefeitura, que foi totalmente tomada por policiais militares e guardas civis municipais, cantaram diversas outras musicas e gritaram hostilidades à prefeita Rosinha, criticando duramente as políticas públicas utilizadas por ela.
Dona Lúcia, aposentada, 68 anos, não conseguiu percorrer todo trajeto, mas caminhou até a sede do Legislativo campista e disse ter se emocionado. “Há anos que não sinto essa energia, essa vontade. Juro que chorei quando vi estes jovens na segunda, por isso não pude deixar de vir hoje. Estamos entrando para história desse município tão carente de líderes e de amor”, disse Lúcia, para em seguida encerrar a entrevista assim: “Viva Campos”.
Os vereadores Edson Batista (PTB), Thiago Virgílio (PTC) e Neném (PTB) acompanharam a manifestação de camarote. Os parlamentares ficaram na janela central da Casa de Leis enquanto o povo gritava: “Não me representam”.
País:
Mais de 1,25 milhão de pessoas participaram ontem de protestos realizados em mais de 100 cidades brasileiras, pequenas, médias e grandes, no maior dia de manifestações desde o início da onda de marchas. Na maior parte dos casos, foram passeatas pacíficas, mas houve confrontos entre polícia e grupos minoritários em diversas cidades, como Rio de Janeiro, que reuniu o maior público (300 mil pessoas), e em Brasília, onde manifestantes atacaram o prédio do Itamaraty. À noite, a presidente Dilma Rousseff pediu para que todos os ministros ficassem em Brasília e convocou reunião para esta sexta.
Rio de Janeiro
O protesto começou pacificamente, mas confrontos pontuais foram registrados e fogueiras foram acesas pela avenida. Por volta das 19h30, quando o ato chegou à Prefeitura, houve confronto com a polícia. Um grupo invadiu o Terreirão do Samba, que foi depredado e incendiado. Uma escola municipal também foi invadida. Um grupo ateou fogo a um carro de reportagem do SBT. Na Av. Presidente Vargas, a polícia usou bombas para dispersar a multidão. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, o número de feridos à meia-noite era de 62, a maioria por balas de borracha, pedras e spray de pimenta.
Gustavo Matheus e Alexandre Bastos com informações do G1
Foto: Edu Prudêncio