O cotidiano escolar no Brasil pode ser insuportável para a maioria
dos profissionais da educação. A conclusão é do historiador Danilo
Alexandre Ferreira de Camargo, autor da dissertação de mestrado “O
abolicionismo escolar: reflexões a partir do adoecimento e da deserção
dos professores”, defendida na Faculdade de Educação da Universidade de
São Paulo (USP).
Durante quatro anos, Danilo Alexandre Ferreira de Camargo analisou
mais de 60 trabalhos acadêmicos a respeito do adoecimento de
professores, e concluiu que não existem diferenças significativas entre
os conceitos apresentadas nas pesquisas sobre o tema.
O pesquisador ressalva que sua intenção não é questionar os trabalhos
desenvolvidos, e sim a escola como instituição. Aplicando o conceito de
governamentalidade desenvolvido pelo filósofo francês Michel Foucault,
Danilo Alexandre Ferreira de Camargo defende que o adoecimento dos
professores e sua posterior deserção profissional são resultados das
condutas internas da instituição escolar.
Essa realidade, acredita o historiador, torna natural o processo de
burocratização da infância, que por sua vez resulta em cidadãos
facilmente comandados politicamente. Assim, conclui Danilo Alexandre
Ferreira de Camargo, os problemas da realidade escolar devem ser
encarados como uma questão política, e não apenas como desvios morais de
alunos e professores.
A questão central da dissertação, segundo o autor, não é propor uma
nova plataforma educacional, e sim provocar reflexões sobre a
incapacidade da sociedade contemporânea de imaginar um modelo
educacional substituto. “Nossa sociedade percebe o ensino escolarizado
como algo absolutamente natural e indispensável, apesar do mesmo existir
da forma que conhecemos hoje somente a partir do século XIX”, destaca.
Fonte: Universidade de São Paulo
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