Alana Gandra
Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro
Da Agência Brasil, no Rio de Janeiro
Depois de reuniões com representantes da
administração municipal e das comunidades rurais, o promotor de Justiça
Cível do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) em São
Fidélis, no norte fluminense, Fabiano Rangel, conseguiu manter em
funcionamento sete das nove escolas rurais que a prefeitura local havia
decidido fechar, em razão da migração da população do campo para a
cidade.
Segundo a assessoria de imprensa do MP-RJ, o fechamento
prejudicaria mais de 140 filhos de agricultores e pessoas que trabalham e
moram na área rural daquele município.
"O que foi legal nesse
trabalho é que eu estive lá, em cada localidade do interior, e
conversei com toda a população. Estive em cada uma das escolas. Foi
dessa forma que a gente foi conseguindo reverter o quadro", disse o
promotor.
Rangel disse perceber um movimento crescente de saída
de famílias do campo em direção ao centro de São Fidélis. Informou que é
difícil hoje encontrar agricultores no município e até fazer negócios
no ambiente rural. Daí a preocupação em preservar as escolas do interior
em funcionamento, projetando para o futuro, caso ocorra uma reversão do
quadro de migração populacional.
"A gente não teria meios de
fornecer educação para as pessoas que precisam. Nós temos essa
preocupação, sim. Eu vi que essa é uma realidade nacional. Muitas
prefeituras estão fechando as escolas no meio rural, no sentido de
diminuir os gastos públicos e favorecer a gestão escolar e o manejo dos
fundos destinados à educação. Mas isso vai causar um aumento do
analfabetismo e da evasão escolar, sem sombra de dúvidas. Essa foi uma
preocupação que a gente teve, nesse episódio", relatou.
Fabiano
Rangel concordou com a prefeitura em relação à desativação de duas
unidades. Em uma delas, a decisão se baseou no fato de ela ter apenas
dois alunos para este ano, enquanto a outra atendeu a pedido dos
próprios moradores com filhos em idade escolar, que consideraram que
outra escola seria mais conveniente e ofereceria um número maior de
dias de ensino letivo. Além disso, havia problemas estruturais no prédio
e dificuldades de comparecimento por parte da professora. "Isso tudo
prejudicava o ensino das crianças".
O promotor de Justiça Cível
explicou que a prefeitura queria realocar todas as crianças que
estudavam nas unidades rurais em uma única escola, situada no centro do
município.
"Eu entendo que, culturalmente, tanto para a criança e
seus parentes, como para a própria sociedade, que vive em torno de uma
escola, ela é a única representação oficial naquele local. É onde o
governo se realiza. Então, achei que o fechamento seria uma medida muito
prejudicial, não só à criança, que nunca saiu daquele ambiente e teria
de ir para a cidade grande sozinha, sem seus pais, como também para os
moradores de lá, que não teriam o seu centro de referência social".
A MP-RJ recomendou, ainda, a oferta de creche e pré-escola, pela prefeitura, nas localidades rurais visitadas.
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