Assistentes sociais defendem os povos indígenas. (Arte: Rafael Werkema/CFESS)
Em outubro de 2012, um caso envolvendo uma comunidade da etnia Guarani-Kaiowá
e a Justiça Federal do Mato Grosso do Sul ganhou repercussão nacional. A
população indígena, sob o risco de perder suas terras para o agronegócio,
ameaçou cometer suicídio coletivo. Depois de um ato público na Esplanada dos
Ministérios, em Brasília (DF), com o objetivo de chamar a atenção da sociedade
para a questão, e uma campanha de mobilização nas redes sociais, o governo
federal interveio na questão.
À época, o Guarani-Kaiowá Elizeu Lopes denunciou: “Nossas lideranças estão
sendo assassinadas”. Entretanto, este é apenas um das centenas de casos quase
diários de violações dos direitos dos povos indígenas, que há mais de 500 anos
vêm sendo massacrados em detrimento do capital do agronegócio.
E o que a categoria de assistentes sociais tem a ver com tudo isso?
“A lógica do capital coloca o lucro
sobreposto aos direitos humanos, desconsiderando os fatores etnoculturais e os
valores históricos, cuja relação com a terra pressupõe a sua preservação. É
preciso respeitar a cultura e a territorialidade desses povos e lutar pelos seus
direitos”, afirma a conselheira do CFESS Ramona Carlos.
O debate Serviço Social e a questão indígena é ainda recente para o Conjunto
CFESS-CRESS. Em abril de 2012, o Conselho Federal lançou pela primeira vez um
manifesto da entidade sobre o tema, demonstrando a necessidade de aprofundar o
debate. No Seminário de Serviço Social e Direitos Humanos, em setembro de 2012,
em Palmas (TO), o movimento indígena, representando pelo Cacique Babau, foi um
dos atores centrais das discussões que permearam o evento.
A campanha de gestão (2011-2014) Sem Movimento Não Há Liberdade, desde seu
lançamento, em dezembro do ano passado, tem dado visibilidade a dezenas de
notícias sobre as populações indígenas. Uma das mais recentes dá destaque às
escolas em Raposa Serra do Sol (RR), onde crianças e adultos de comunidades
indígenas têm aprendido os dialetos originais de seus povos, mantendo assim sua
tradição e cultura históricas.
E nesta sexta-feira, 19 de abril, Dia da Luta Indígena, o Conselho Federal
lança seu segundo CFESS Manifesta sobre o tema.
“A condição de existência das populações indígenas é o território, e este é
objeto de disputas com as populações indígenas que resultam em mortes,
expropriação, extermínio cultural e físico, sendo as suas terras o principal
alvo em prol de um modelo econômico que depreda, devasta, aniquila povos,
culturas e o meio ambiente”, afirma o documento.
Assistentes sociais têm trabalhado com a questão da saúde indígena. O campo
profissional vem se ampliando e ultrapassa as fronteiras urbanas, tendo em vista
que a questão social tem seus rebatimentos na área rural, inclusive com os povos
indígenas. Nesse sentido, é possível encontrar profissionais do Serviço Social
dentro das equipes interdisciplinares de saúde, nos Centros de Referências de
Assistência Sociais (Cras) e em outros espaços de atenção a essas comunidades.
Um trabalho
que exige a compreensão que cada etnia constitui-se como um povo, com uma
cultura própria, estrutura e organização, dadas as particularidades e
especificidades, cujas visões de mundo impõem desafios de pensar políticas
públicas capazes de assegurar o acesso, respeitando a cultura e os valores
dessas comunidades.
Fonte: CFESS.
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