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domingo, 20 de novembro de 2011

"Bons sentimentos não bastam", diz autor sobre a escravidão

da Livraria da Folha
O Dia da Consciência Negra é marcado pela data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. A celebração propicia a reflexão sobre o preconceito na sociedade brasileira. As lutas dos negros pela liberdade, a pressão dos abolicionistas e a interferência internacional da Inglaterra foram responsáveis pelo fim da escravidão no país.
Hoje, nos horrorizamos com a possibilidade de cecear a liberdade de outro ser humano, mas a prática é pré-histórica e muito comum desde os primórdios da humanidade. É virtualmente impossível --independente de suas origens-- que não exista um escravo, negro ou não, no rol de seus ancestrais.
A escravidão negra é relativamente recente em termos históricos. Antes disso, a cor da pele não era um fator decisivo. Os gregos e os romanos escravizavam os povos conquistados, muitos deles, de cabelo claro e olhos azuis.
Segundo o autor Olivier Pétré-Grenouilleau, "A escravidão é um assunto particularmente doloroso e chocante, um crime contra a humanidade, que provoca nossa indignação. É espantoso que tenhamos conseguido conviver com ela durante tanto tempo. Mas bons sentimentos e julgamentos morais não bastam: se quisermos combater de maneira eficaz uma prática tão frequente na história do mundo, temos de nos esforçar para compreender o que ela favoreceu, por que foi imposta por tanto tempo e como pôde ser admitida."
Pétré-Grenouilleau, no livro "A História da Escravidão", analisou a organização produtiva desse sistema e as raízes deixadas pela escravidão na maneira da humanidade conceber e interagir com o mundo, como origem do racismo e das segregações.
"O Navio Negreiro: Uma História Humana", escrito pelo historiador Marcus Rediker, relata o funcionamento do meio de transporte que possibilitou levar a grande parte da mão de obra africana para o Novo Mundo. O volume é fundamentado em mais de 30 anos de pesquisas em arquivos.
Procurando descartar os problemas gerados pela interpretação anacrônica da história, Orlando Patterson, historiador e colunista do "New York Times", associa a escravidão ao desenvolvimento de economias avançadas e aos ideais e crenças da tradição ocidental, como os conceitos de liberdade e propriedade. Um estudo comparativo que originou "Escravidão e Morte Social".
Para os otimistas, que imaginam a escravidão eliminada, "Pisando Fora da Própria Sombra" é capaz de tirar-lhes o sono. O título expõe a continuidade da prática em nosso país e traz um encarte com imagens de João Roberto Ripper, um dos maiores fotógrafos de imagens humanas.

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