Por Wolmer Ricardo Tavares*
Em conversa com alguns diretores de escolas públicas, foi constatado que a maioria acredita que a educação nestas escolas está falida. Os outros, que representam a minoria, acreditam que a educação está cada vez melhor, mas demonstram certo grau de hipocrisia, pois apesar de acreditarem que as escolas têm oferecido uma educação de qualidade, eles continuam mantendo seus filhos em escolas privadas, “privando-os dessa boa educação oferecida pela rede pública”.
Os gestores têm aberto os portões de suas escolas para toda a comunidade, o que é um fator positivo, mas eles se esquecem que o ensino de qualidade é um dos fatores primordiais para uma boa educação, e trocam o ensino por festividades e eventos, preenchendo os dias letivos com coisas consideradas fúteis em comparação à principal função da escola.
A única coisa que podemos afirmar sobre futuro está relacionada à sua imprevisibilidade, mas com a educação que temos hoje, essa afirmação fica como uma inverdade, visto que a certeza que teremos é que ainda mais pessoas se tornarão alienadas, acomodadas, manipuladas e sempre aceitarão a mesmice sem expectativa de melhora.
O intuito aqui não é encher o povo de esperanças , pois a esperança, em muitas situações, passa a ser um verdadeiro tormento para os medíocres, fazendo deles seres passivos transformados em massa de manobra.
Precisamos reconquistar nossa dignidade como profissionais e não ficarmos presos a demagogias políticas. Necessitamos oferecer uma educação que prime pela excelência e faça de nossos educandos cidadãos críticos, protagonizando sua própria vida, e torne-os com isso, pessoas pró-ativas, conhecedoras de seu entorno e com capacidade de pensar e agir a favor de si próprias e da comunidade.
O conhecimento trabalhado nas escolas não tem levado nossos alunos a uma ação, isto porque não tem sido um conhecimento útil. E conhecimento útil é aquele aplicável para que o aluno transforme o seu contexto, consequentemente transformando sua realidade.
Assim tem sido a nossa educação. Uma educação na qual impera a manipulação de nossos alunos e o verdadeiro conhecimento fica em renegado. Até quando a educação ficará em segundo plano? Até quando conviveremos com a esperança de ter uma educação de qualidade?
A educação que necessitamos desenvolver em nossos alunos deve levá-los a uma criticidade, e essa criticidade não é alcançada da noite para o dia, mas com trabalho árduo, informação semântica, conteúdos condizentes com o contexto no qual os alunos se encontram inseridos, com solução de problemas vivenciados por eles, com professores e alunos motivados, com profissionais imbuídos de responsabilidade, profissionalismo, dedicação e boa formação.
Sabemos que são árduos os caminhos para se ter uma boa educação, mas o terreno ainda é fértil para jogarmos as boas sementes e colhermos bons frutos, e assim conseguirmos resgatar a dignidade dos profissionais da educação, termos alunos mais críticos e protagonistas de um país com mais isonomia.
Wolmer Ricardo Tavares, Mestre em Educação é escritor, palestrante, e atua como docente universitário e coordenador de extensão da UNIPAC Lafaiete. Autor do livro Gestão Pedagógica, publicado pela WAK Editora.
Fonte: Jornal da Educação
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