SOS EDUCAÇÃO EM CAMPOS

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O conhecimento na ponta dos dedos

Por Lucila Cano
 
Na quarta-feira, 4 de janeiro, comemorou-se o Dia Mundial do Braile, em homenagem ao francês Louis Braille, nascido nesse dia no ano de 1809.
Para não se confundir o nome do sistema com o sobrenome do seu criador, convencionou-se grafar o primeiro com apenas um “l”, o que, nos dias de hoje, com tantos sinais e abreviações espalhados pelas redes sociais, pode parecer um preciosismo.
De volta a Braille, o educador, sabe-se que ele perdeu a visão aos três anos e, quatro anos depois, entrou para o Instituto de Cegos de Paris, no qual se formou professor aos 18 anos, em 1827.
O método criado por ele foi publicado em 1829, embora tenha sido oficialmente adotado tanto na Europa quanto na América somente em 1852, ano de sua morte.

Inclusão social e cidadania

O sistema Braile permite a formação de 63 caracteres diferentes, os quais representam as letras do alfabeto, os números, a simbologia científica, a musicográfica, a fonética e a informática, a partir da combinação de seis pontos dispostos em duas colunas e três linhas. O sistema se adapta perfeitamente à leitura tátil, pois os seis pontos em relevo podem ser percebidos pela parte mais sensível do dedo com apenas um toque.
Braille o teria desenvolvido com base no que ouviu falar de um esquema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens à noite e em lugares sem luz.
Segundo informação da Fundação Dorina Nowill para Cegos, o sistema chegou ao Brasil em 1850, através do jovem cego José Álvares de Azevedo, mas foi praticamente 100 anos depois, na década de 1940, que o Braile foi difundido.
Em 1946, com a criação da Fundação para o Livro do Cego no Brasil (atual Fundação Dorina Nowill para Cegos), a produção de livros em Braile passou a desempenhar importante papel na alfabetização de deficientes visuais e no consequente acesso deles ao conhecimento.
Há quem diga que nos últimos 60 anos não há no Brasil uma só pessoa cega alfabetizada que não tenha tido em suas mãos pelo menos um livro em Braile produzido pela fundação.
Apenas em 2011, foram impressos mais de 270 novos títulos em Braile. Ao todo, mais de 90 mil exemplares já foram distribuídos a cerca de 2.000 organizações e para as 5.000 bibliotecas públicas municipais do país, contribuindo para a inclusão social de 3,5% dos brasileiros (582.624 cegos e 6.056.684 com baixa visão), segundo o Censo 2010.

Capacitação de professores

Para Maria Glicélia Alves, pedagoga da Fundação Dorina Nowill, “a falta de informação é ainda o principal problema em relação ao Braile. Muitos professores acham que é simples ensinar o sistema a um aluno cego, mas a alfabetização tem as suas especificidades e o professor, para realizar essa tarefa com êxito, tem de buscar ajuda”.
“Entre 2000 e 2007, houve um aumento de 100% de alunos com deficiências em salas de aula no ensino fundamental. Nesse período, o número subiu de 221.652 para 463.856, de acordo com o Ministério da Educação. A grande maioria é de estudantes com baixa visão. Alunos com cegueira total aparecem em quinto lugar, depois daqueles que têm outros tipos de deficiência, como a auditiva e física”, relata Maria Glicélia.
Semestralmente, a Fundação Dorina Nowill realiza cursos presenciais de capacitação para professores em sua sede, em São Paulo (SP). O primeiro do ano será “Braile para Educadores – Apoio Essencial em Sala de Aula”, de 16 a 20 de janeiro.
A pedagoga conta que o curso oferece noções básicas do sistema Braile, enquanto técnica de leitura e escrita para acompanhamento e apoio do aluno com deficiência visual na sala de aula.
Ela lembra que a educação inclusiva evoluiu bastante nos últimos anos, mas ainda há muito que fazer. “A especialização do professor que trabalha com alunos deficientes é um desafio. Acima de tudo, a inclusão tem que começar na própria família do deficiente. O desconhecimento das necessidades da criança cega pode, muitas vezes, significar o seu isolamento de um mundo no qual todos têm os mesmos direitos e oportunidades.”

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.

Fonte: Uol

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