Estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos, que ano passado invadiram um casarão próximo à faculdade para protestar contra a falta de alojamento e bandejão, reclamam agora da carência de professores e da superlotação da universidade, provocada pela falta de infra-estrutura. No mês passado, uma paralisação organizada pelos estudantes parou os seis cursos hoje existentes na instituição, que possui 1500 alunos.
Os manifestantes reclamavam da superlotação da universidade, que até 2009 tinha apenas o curo de Serviço Social. Após esse período, tiveram início os cursos de Geografia, Economia, Ciências Sociais, Psicologia e História. Assim como os cursos, o número de alunos também aumentou, mas a infra-estrutura continua a mesma. O campus estaria também com falta de salas de aula. Uma reforma está em andamento há quase dois anos e, provisoriamente, os alunos estão tendo aulas em módulos metálicos, uma espécie contêineres, segundo os estudantes.
Diego Fraga, 26 anos, que mora no casarão com outros sete estudantes e está no 4º período de Geografia, disse que o curso está sem professor de licenciatura há algum tempo, denúncia que foi rebatida pelo chefe do Departamento do Curso de Geografia, professor Raul Reis Amorim. Segundo ele, o curso de licenciatura em Geografia só terá início no próximo semestre e o professor que vai ministrar as aulas já tomou posse.
A queixa principal dos estudantes, no entanto, é a questão da moradia. Françoar Ferreira Lima, 20 anos, que também mora no casarão, disse que o problema do alojamento não é restrito da UFF. Ele, que faz o curso técnico em estradas no Instituto Federal Fluminense (IFF), afirmou que tanto o IFF como a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) não oferecem assistência estudantil. “Viemos pra cá para protestar, já que muitos estudantes vêm de outras cidades, como nós, e não têm condições financeiras para se manter até o final do curso”.
O diretor do pólo universitário da UFF em Campos, José Luís Viana, disse que não é uma prática comum no Brasil as faculdades públicas oferecerem residência universitária, com exceção das maiores, como a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
— O IFF e a Uenf, por exemplo, têm cinco vezes mais alunos que a UFF e também não oferecem alojamento e bandejão. A UFF está saindo na frente, já que no projeto de construção dos novos prédios, previsto para ter início em dezembro deste ano, constam esses benefícios, que acredito estarem disponíveis dentro de quatro ou cinco anos —, disse ele, explicando que têm ocorrido algumas faltas de professores no pólo porque a contratação depende de autorização do Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Segundo o professor Raul, o prazo hoje para a contratação de docentes é bem menor. “Quando fiz concurso esperei dez meses para ser contratado. Agora, esse prazo não ultrapassa dois meses”, afirmou ele. O professor disse ainda que a UFF oferece auxílio moradia e alimentação aos estudantes que comprovarem ser de baixa renda. “O serviço social é quem faz a triagem”, explicou Raul, destacando que os alunos questionam faltam de alojamento e bandejão, mas a prioridade deveria ser, por exemplo, laboratórios para aulas práticas.
Fonte: Folha da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário